A Solidão é uma Arte.

A Solidão é uma Arte.
"Creio que o maior antídoto para a solidão seja exatamente isso: autoconhecimento."

domingo, 28 de setembro de 2014

Sobre ir embora.



Essa talvez seja minha história mais triste. Não se difere das outras no que diz respeito a carregar muitos sentimentos com uma boa dose de equilíbrio. Talvez até seja a que mais se aproxime de um sentimentalismo total abraçado a uma razão incontestável. Após tantas experiências, tantos encontros e desencontros que despertam uma vontade, que começa pequenina, mais que após longa caminhada, você olha para trás, liga fio a fio e enxerga que essa vontade se mistura com seus sentimentos fazendo com que tudo tenha lógica e sentido.

Por hora, você não pensa muito, mal quer saber de pensar em alguma coisa, pra falar a verdade. Mais quando pensa, abre os olhos da mente e quase sempre os olhos do coração interferem naquilo que você julga está decidindo através das imagens que circulam seu universo pessoal. Tudo aquilo que parece ser nebuloso começa a ficar mais claro. Sozinho, no meio de um espaço e não conseguir mais compreender a razão pela qual você está ali. Sentir-se sozinho, perceber que as coisas que você faz não te trazem verdadeira felicidade. Mas a vida ta aí pra provar que tudo é subjetivo, que tudo é momento. Mas você não aguenta mais isso. Talvez esteja mais perto do que nunca de um limite.

De muitas tentativas de recomeçar, um dia tudo isso cansa. Não que não valha a pena recomeçar. É bom, sempre é maravilhoso. Mas talvez seu corpo, sua mente e seu coração precisem de um tempo maior para repousar. Você está cansado de tudo isso. Tudo que acontece ao seu redor, mesmo que seja feliz, não te traz aquilo que talvez um dia era o que te fazia feliz e só aquilo parecia importar. O tempo passa e as cicatrizes te fazem amadurecer a ponto de quem sabe se desafiar a ter um discernimento grande em sua vida. Você não consegue mais se permitir recomeçar.

É chegada a hora de partir para um encontro consigo mesmo, em outro patamar de vida, em um momento que você possa ser capaz de criar uma identidade nova, que possa se descobrir novamente, se reinventar de uma maneira que potencialize sua personalidade e te torne firme, quem sabe até recuperando a essência daqueles sentimentos que você tanto prezava, sem deixar de lado a razão, encontrando o verdadeiro equilíbrio que te mova a ser você mesmo sempre.

Se vão sentir saudade eu não sei. Procuro não pensar nisso. A luta é muito mais interna do que qualquer outra coisa que eu tenha feito ou sentido. Aquele, cujo sorriso externo era reflexo do seu verdadeiro interior, precisa se renovar, dessa vez de uma maneira total e livre de qualquer pressão que exista. O Barco está chegando. Veremos o que acontece ..

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Encontro entre o Homem da meia-noite e a Mulher do dia.



O (des)concerto de um sentimento verdadeiro começa quando o Homem da meia-noite encontra a mulher o dia. Eles nunca se encontram.

Dona de um sorriso lindo, de um olhar sincero e direto, de um riso doce, de um jeito capaz de desconcertar qualquer regra, a mulher do dia desperta lampejos de saudade colocando em prova o equilíbrio entre a razão e a emoção do homem da meia-noite, fazendo com que todo corpo do mesmo fique enfeitiçado por uma liberdade em que se é colocado a prova toda sua vontade de se permitir. É uma das poucas sensações no mundo em que é perda de tempo tentar esquecer ou fingir que não está com o pensamento completamente dominado por tal façanha. O homem da meia-noite é observador, bastante conservador, mais o que o diferencia dos demais é sua abertura ao novo. Quando encontra um íntimo desafiador, desvenda pacientemente cada peça do quebra-cabeça até montá-lo por completo, sabendo então que cada momento deixa de ser subjetivo e torna-se direto, recompensador e produtivo. Após minuciosa análise, põe algo em prática. O Homem da meia noite encontrou a mulher do dia, viu seu sorriso ser recíproco, a beijou e sentiu-se imensamente feliz por um instante que parecia ser infinito. Desse encontro desenvolveu-se um belo fruto de dois caminhos, olhar para trás ou viver o presente momento. Um é feliz pelo caminho traçado até o êxito do encontro. O outro é um completo desafio, não menos feliz que o primeiro. 

Naquele domingo chuvoso, a mulher do dia levanta-se ao lado do homem da meia-noite, se despede e parte deixando um profundo impacto de coisas que há muito o homem da meia-noite não sentia. Ficou nele a sensação de que não foi uma despedida e que o caminho dos dois pode se cruzar em um lugar onde menos se espera. Se fechar olhos, sempre se lembrará de um momento único ao lado da mulher do dia, a beira do mar, sentindo a chuva e olhando toda aquela imensidão, de tamanha e rara beleza, ao mesmo tempo em que o seu olhar era confortavelmente conquistado e dominado pelo olhar da mulher do dia, trocando o que de melhor casou esse encontro, a liberdade de sensações com a troca de calor humano. 


Em seu caminho para longe, a mulher do dia sente-se cativada e dominada pelo encontro com o homem da meia-noite. Metade dela quer guardá-lo, quietinho, em um lugar tranquilo, onde ficam as boas lembranças, o afeto e aquela saudade que não incomoda, só acrescenta. A outra metade quer o descobrir por inteiro, quer que ele continue a dominando, tomando seus pensamentos. A mulher do dia pensa o quão bom seria essa troca, crescer com o homem da meia-noite, e da próxima vez o encontrar lhe conhecendo. Seria como encontrar pela primeira vez, alguém que já a habita. Sabe bem que se não fosse tão ela, isso já seria um ganho, mas sendo como é, torna-se confuso e dá medo. O homem da meia-noite tocou a mulher do dia como ela nunca havia sido tocada, mas uma andorinha só não faz primavera.

Não faz primavera, não faz verão, porém sempre volta ao mesmo lugar. A andorinha persegue os lugares onde aquilo que lhe traz felicidade está, mesmo que por um momento. Ela faz cada segundo ser intenso e compartilha do seu bom sentimento para com o próximo. Ela é livre e faz escolhas que a modificam internamente, sabendo das consequências. Se fosse normal, não faria sentido. Se não fosse confuso, não teria graça. Se não desse medo, não valeria a pena viver e acredito que pra o homem da meia-noite sentir novamente os lábios da mulher do dia nos seus e compartilhar o calor e o aconchego de seu abraço com a mesma, ele seria capaz de ser como uma andorinha, pois a cada voo na direção da mulher do dia, uma nova história é feita como a de dois jovens que atravessam barreiras para unir o útil ao essencial e fazer um filme real. Pode parecer estranho, mais é verdadeira a sensação de que falta um sorriso que acompanhe o do homem da meia-noite e o dê sentido, Ele prefere acreditar no sorriso da mulher do dia, que mesmo distante e por momentos únicos, lhe devolveu a vontade de liberdade a ser quem ele é ao lado de alguém.

Mais que a esperança, fica a vontade de que os dois se reencontrem e façam desse novo momento um momento único que se eternize como o primeiro encontro entre o homem da meia-noite e a mulher do dia.


Paulo Matheus Morais Monteiro.