A Solidão é uma Arte.

A Solidão é uma Arte.
"Creio que o maior antídoto para a solidão seja exatamente isso: autoconhecimento."

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Encontro entre o Homem da meia-noite e a Mulher do dia.



O (des)concerto de um sentimento verdadeiro começa quando o Homem da meia-noite encontra a mulher o dia. Eles nunca se encontram.

Dona de um sorriso lindo, de um olhar sincero e direto, de um riso doce, de um jeito capaz de desconcertar qualquer regra, a mulher do dia desperta lampejos de saudade colocando em prova o equilíbrio entre a razão e a emoção do homem da meia-noite, fazendo com que todo corpo do mesmo fique enfeitiçado por uma liberdade em que se é colocado a prova toda sua vontade de se permitir. É uma das poucas sensações no mundo em que é perda de tempo tentar esquecer ou fingir que não está com o pensamento completamente dominado por tal façanha. O homem da meia-noite é observador, bastante conservador, mais o que o diferencia dos demais é sua abertura ao novo. Quando encontra um íntimo desafiador, desvenda pacientemente cada peça do quebra-cabeça até montá-lo por completo, sabendo então que cada momento deixa de ser subjetivo e torna-se direto, recompensador e produtivo. Após minuciosa análise, põe algo em prática. O Homem da meia noite encontrou a mulher do dia, viu seu sorriso ser recíproco, a beijou e sentiu-se imensamente feliz por um instante que parecia ser infinito. Desse encontro desenvolveu-se um belo fruto de dois caminhos, olhar para trás ou viver o presente momento. Um é feliz pelo caminho traçado até o êxito do encontro. O outro é um completo desafio, não menos feliz que o primeiro. 

Naquele domingo chuvoso, a mulher do dia levanta-se ao lado do homem da meia-noite, se despede e parte deixando um profundo impacto de coisas que há muito o homem da meia-noite não sentia. Ficou nele a sensação de que não foi uma despedida e que o caminho dos dois pode se cruzar em um lugar onde menos se espera. Se fechar olhos, sempre se lembrará de um momento único ao lado da mulher do dia, a beira do mar, sentindo a chuva e olhando toda aquela imensidão, de tamanha e rara beleza, ao mesmo tempo em que o seu olhar era confortavelmente conquistado e dominado pelo olhar da mulher do dia, trocando o que de melhor casou esse encontro, a liberdade de sensações com a troca de calor humano. 


Em seu caminho para longe, a mulher do dia sente-se cativada e dominada pelo encontro com o homem da meia-noite. Metade dela quer guardá-lo, quietinho, em um lugar tranquilo, onde ficam as boas lembranças, o afeto e aquela saudade que não incomoda, só acrescenta. A outra metade quer o descobrir por inteiro, quer que ele continue a dominando, tomando seus pensamentos. A mulher do dia pensa o quão bom seria essa troca, crescer com o homem da meia-noite, e da próxima vez o encontrar lhe conhecendo. Seria como encontrar pela primeira vez, alguém que já a habita. Sabe bem que se não fosse tão ela, isso já seria um ganho, mas sendo como é, torna-se confuso e dá medo. O homem da meia-noite tocou a mulher do dia como ela nunca havia sido tocada, mas uma andorinha só não faz primavera.

Não faz primavera, não faz verão, porém sempre volta ao mesmo lugar. A andorinha persegue os lugares onde aquilo que lhe traz felicidade está, mesmo que por um momento. Ela faz cada segundo ser intenso e compartilha do seu bom sentimento para com o próximo. Ela é livre e faz escolhas que a modificam internamente, sabendo das consequências. Se fosse normal, não faria sentido. Se não fosse confuso, não teria graça. Se não desse medo, não valeria a pena viver e acredito que pra o homem da meia-noite sentir novamente os lábios da mulher do dia nos seus e compartilhar o calor e o aconchego de seu abraço com a mesma, ele seria capaz de ser como uma andorinha, pois a cada voo na direção da mulher do dia, uma nova história é feita como a de dois jovens que atravessam barreiras para unir o útil ao essencial e fazer um filme real. Pode parecer estranho, mais é verdadeira a sensação de que falta um sorriso que acompanhe o do homem da meia-noite e o dê sentido, Ele prefere acreditar no sorriso da mulher do dia, que mesmo distante e por momentos únicos, lhe devolveu a vontade de liberdade a ser quem ele é ao lado de alguém.

Mais que a esperança, fica a vontade de que os dois se reencontrem e façam desse novo momento um momento único que se eternize como o primeiro encontro entre o homem da meia-noite e a mulher do dia.


Paulo Matheus Morais Monteiro.


3 comentários:

  1. Se é o que o homem da meia-noite realmente quer, formar um dia perfeito com a mulher do dia não é mais uma redundância. Que esse encontro aconteca e que você publique,positivamente, o fim dessa desventura.

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  2. Gosto desse texto, e desse olhar sobre um encontro.

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