A Solidão é uma Arte.

A Solidão é uma Arte.
"Creio que o maior antídoto para a solidão seja exatamente isso: autoconhecimento."

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Um Teclado e um Violão.


Em uma sexta-feira a noite, em um bar da capital cearense, um rapaz confraternizava com alguns amigos em uma mesa. Em meio a piadas, sorrisos, discussões políticas, bebida e muitas risadas, o rapaz percebeu a chegada de uma moça, que voltava de um show em um local próximo com mais duas amigas. Elas sentaram-se em uma mesa, que do ponto te vista do rapaz, dava pra ver em diagonal com a mesa onde ele estava. 

O tempo foi passando e o rapaz e a moça começaram uma troca de olhares muito interessante. No início, essa troca de olhares era meio suspeita, com pouco mais de 3 a 4 segundos. Com o tempo ela se tornou firme, algo que girava em torno de mais de 10 segundos olhando fixamente um para o outro. Ele olhava de um jeito que parecia compreender que ela falava com os olhos. Havia reciprocidade ali. Ele desejava através do olhar ir até onde ela estava. Ela parecia querer que ele fosse até ela. Era algo mágico. A troca de olhares pode ser doce e ao mesmo tempo perigosa. Mas nesse caso, ela foi totalmente positiva.

O rapaz almejou algumas tentativas de ir até a moça. Porém, sem sucesso. Já perto de ir embora, enquanto seus amigos caminhavam a sua frente, o rapaz deu meia volta, deu uma ultima olhada para a mesa da moça e percebeu que ela estava sozinha sem as amigas. Ela o que ele precisava para ir até ela. Cheio de coragem e deixando a timidez de lado, ele caminhou sem pensar em nada. Queria chegar até ela. Queria saber o seu nome, queria saber sobre sua vida.

Chegando a mesa da moça, ele tomou a iniciativa do diálogo e logo o dois começaram a conversar. Posteriormente as apresentações, os dois caminharam até perto, um pouco pra fora do bar, na esperança de ficarem um pouco a sós e poderem se conhecer melhor. A resposta da moça parecia ser muito positiva para com o rapaz. Era o resultado daquela troca de olhares. Era a reciprocidade agindo. O tempo passou e a conversa rendeu uma troca de contatos. Ela teve de ir embora. O rapaz, cheio de esperança de um dia encontrá-la novamente, continuou estático no mesmo canto onde havia conversado com a moça, pensando em tudo aquilo que lhe aconteceu naquela noite. Durante a madrugada do mesmo dia, a moça mandou uma mensagem ao rapaz. Ele ficou muito feliz com o sinal dela. Os dois toparam continuar se conhecendo.

Durante a semana, os dois continuaram conversando, se conhecendo, vendo que tinham várias coisas em comum, como o gosto pela música, pelas mesmas bandas e outras coisas. Ela, estudante de Psicologia em uma faculdade particular. Ele, estudante de Cinema e Audiovisual em uma Universidade. Filho de músico, ele contou para a moça que tinha uma banda, onde ele tocava teclado. A moça, por sua vez, contou ao rapaz que sabia tocar violão, não muito, ainda estava aprendendo. Os dois passaram a trocar ideias sobre seus estilos musicais e o que cada um sabia tocar. Em meio a notas musicais, tons e significados de músicas, os dois foram se conhecendo e naqueles dias, a vontade de se reencontrar foi crescendo dentro deles.

"Sometimes I can't believe it. I'm moving past the feeling" ♫ (The Suburbs - Arcade Fire).

Logo os dois combinaram de ir ao cinema. Assim que se encontraram, deram um abraço. Naquele momento, talvez eles tenham começado a perceber que esse abraço se tornaria um marco dos dois, algo que mais tarde se tornaria uma proteção, um vínculo entre os dois. No abraço, era como se os dois estivem sozinhos em um lugar deserto, onde só o vento parecia passar por eles. Não havia barulho de nada. Era só os dois e Deus. Era quente, era confortador, era pacífico e trazia uma sensação de paz interior, de cumplicidade, amizade, sinceridade e união entre os dois. Gestos como esse se repetiram muitas e muitas vezes entre os dois. Ainda naquele dia, o rapaz a e moça decidiram continuar se conhecendo. Ele se mostrava disposto a conhecê-la cada vez melhor. Ela parecia querer conhecê-lo, parecia se permitir viver algo novo em sua vida. Os dois vinham de términos de namoro há mais ou menos 4 a 5 meses.

O tempo foi passando e os dois foram criando uma amizade muito bonita na relação. Ele começou a se permitir, a deixar as coisas acontecerem, a querer que o seu coração se sentisse livre pra sentir alguma coisa por ela. Por outro lado, ela ainda era meio trancada, receosa, cautelosa, parecia ser bem mais fechada que ele, mas continuava se permitindo. Cada encontro era uma felicidade diferente, eram novos sorrisos, novos gestos, novos sentimentos, novos carinhos, novos olhares. Os dois tinham a capacidade de se reinventar cada vez que se viam. Ele de uma personalidade calma, tranquila, serena e observadora. Ela de uma personalidade gentil, inteligente, determinada, porém mostrava uma certa insegurança com seus sentimentos.
Os dois foram construindo uma relação muito bonita. Pareciam caminhar juntos. Contavam segredos um pro outro, conversavam sobre os seus passados, sobre suas superações ao longo da jovem vida de cada um. Andavam de mãos dadas, faziam coisas juntos. O diálogo entre os dois parecia os guiar a um caminho de muita felicidade. Ela o pegava de surpresa com coisas bonitas e inesperadas. Ele, um cavalheiro a moda antiga, parecia surpreendê-la com a delicadeza, sinceridade e sentimentalismo. Ele a tratava como toda mulher merece ser tratada. 

Completou-se um mês que os dois se conheceram. O rapaz, em um gesto bonito de sua parte, presenteou a moça com uma foto dois dois e uma caixa de chocolate. O Sentimento dele foi crescendo cada vez mais. Ela foi percebendo e começou a não saber o que fazer quanto aos seus próprios sentimentos. O rapaz, em uma conversa séria com a moça, deixou claro todas as suas intenções com ela. Queria fazê-la feliz. Queria caminhar adiante junto com ela. Queria acima de tudo, se descobrir com alguém ao lado. Ela sentiu tudo aquilo que ele falou e pareceu não estar preparada para ir adiante com ele. Ele ficou triste, mas em outra conversa os dois decidiram continuar juntos sem ir adiante no relacionamento. 

Após essa conversa, a moça começou a sentir muito mais ele junto a ela. Ele havia decidido correr o risco de que seu sentimento por ela aumentasse mais e como ela não sentia o mesmo por ele, ele acabaria sofrendo muito depois. Porém, o sentimento dela também cresceu. Os dois se gostavam de verdade. Ela passou a contar muito mais do íntimo do seu coração pra ele. E querendo ou não, o rapaz começou a "ganhar" confiança, porém sem criar expectativa. Ele tentava fazer cada momento ao lado dela ser único. Tentava fazer as coisas acontecerem. 

Foi aí que, bem próximo a data de dois meses que os dois se conheceram, eles tiveram uma última conversa séria. O dia dessa conversa, havia sido um dia lindo. Todos os momentos que os dois viveram naquele dia foram maravilhosos. Foram ao todo, 58 dias de felicidade. Ela andou pra trás. Ou melhor, não andou pra lugar nenhum. Confusa dos seus sentimentos, decidiu ficar sozinha. Ela queria estar por inteira em um relacionamento e isso o frustou completamente. Então, os dois se separaram. Decidiram continuar em uma amizade, coisa muito boa que os dois, antes de qualquer coisa, haviam criado e se tornado amigos. Ainda sim foi muito doloroso pra ele. Ter chegado tão longe e nada ter dado certo. Levando a vida que ele leva, e sabendo que hoje em dia está cada vez mais difícil de viver um amor de verdade. Fica a sensação de um quase. Mas ele sabe que um dia as coisas tendem a melhorar. Ele deseja do fundo do coração toda felicidade a ela. Ela sabe onde o deixou. Sabe que se uma hora perceber que pode ter jogado a felicidade fora, ele pode ainda está no mesmo lugar, ou pode não estar mais.

Publico está história no dia 18 de Dezembro de 2013, pois nesta data de hoje, completa-se dois meses desde que essa história começou. Os dois não estão mais juntos. Tenho minhas dúvidas quanto a celebrarem a amizade que construíram. Talvez pra ele seja mais difícil. Talvez ele também queira ficar sozinho. Ou talvez ele esteja louco de saudades. Louco por uma ligação, por um encontro. O certo é que ele viveria tudo outra vez. 

Quem acompanhou essa história de perto diz que foi uma história de amor. Mas será que foi mesmo?

Essa história ainda não acabou.





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