A Solidão é uma Arte.

A Solidão é uma Arte.
"Creio que o maior antídoto para a solidão seja exatamente isso: autoconhecimento."

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Guerra dos Sentimentos.!


"Belo dia, os sentimentos estavam quase todos reunidos em uma enorme sala. Conversando e discutindo sobre coisas da vida, sobre como os humanos se portavam perante suas doses químicas nas veias sanguíneas e sobre a importância da existência dos mesmos. Eram todos vaidosos e cada um defendia sua importância. Até que entrou pela porta, cheio de si, o desprezo. 

- Desafio qualquer um aqui dentro sobre qual sentimento é o mais predominante entre os humanos. O mais forte. O mais resistente e o mais maligno. - disse. Curiosos, os demais sentimentos procuraram saber do motivo do desafio. O desprezo prontamente respondeu:

- Não acredito que alguém aqui consiga ser mais forte e mais duradouro que eu. Eu sobreponho todo e qualquer tipo de sentimento aqui dentro. - completou o desprezo. Alguns dos sentimentos ficaram alvoroçados, outros preferiram não se meter, mas logo o amor tomou a palavra.

- Eu sou duradouro. Eu sou imortal. Sobrevivo até mesmo depois da morte. - disse.

- Eu não acredito em você. Você tem várias caras. Não tem definição. Não dorme, não come, não anda. Uns dizem seu nome em vão. São falsos com você mesmo. Te confundem com paixão, com avareza, com ciúmes. Pois você não tem forma. Na luta dos sentimentos é o primeiro a morrer. Você, no coração das pessoas, é o mais fraco. O mais ilusório. Você é utópico. Você, amor, é inexistente. - devolveu o desprezo. Diante destas palavras o amor caiu em prantos... e foi afogar as lágrimas ao lado do seu melhor amigo, o ódio.

- Alguém mais? - perguntou o desprezo.

- O que mais faz estrago entre as pessoas sou eu. Sou benevolente as vezes, mas com certeza sou o sentimento mais temido de todos. - disse a solidão.

- Vejo que você não haje sozinha. Para que você existe deve existir a arrogância. As pessoas que são arrogantes encontram você. É através da arrogância que você existe. Todos ficam esperando por um pouco de atenção, mas não prestam sequer a vontade de trocar valores entre elas. Na verdade, solidão, para que você exista deve haver inúmeros sentimentos ruins como você. Desde a arrogância, o orgulho, o preconceito... inúmeros sentimentos te alimentam... e você não é nada sem eles. Sem eles você não existe. - disse o desprezo. A solidão ficou paralisada. Imóvel. Ninguém foi ajuda-la. Sozinha ela cai no chão em estado de choque.

- Vejo que ninguém é páreo à minha existência. - debochou o desprezo.

- Eu trago o que todos buscam. Os humanos me querem. Eu sou o motor da vida deles. É em mim que depositam todas as suas apostas. Sou o norte. Sou o que chamam de felicidade. - disse a felicidade. O desprezo riu compulsivamente. Debochadamente. Desconcertadamente. 

- Você!? Não me faça rir. Para aqueles que te procuram, procuram porque são egoístas. As pessoas estão fechadas em seu mundinho particular, em seu pequeno espaço de terra e dizem que isso é a felicidade. Você morre na primeira turbulência que uma pessoa passa. Em questões de segundo eu posso levar a pessoa do céu ao inferno. Você é frágil. É quase inalcançável. E, quando alcança, a sua existência é tênue. Diga-me, se todos estão à sua procura, porquê você insiste em se esconder? Outra coisa, porque você só bate à porta das pessoas erradas? - perguntou o desprezo.

De tanto pensar numa resposta, a felicidade cansou-se e sentou-se.

- Você é muito cheio de si, desprezo. Eu não acredito em seu desafio. Sou ou pior dos sentimentos. Eu domino todos os corações humanos. Sou o mais temido. Eu sim sou o motor deste mundo. As pessoas trabalham, comem, se divertem, se relacionam por temerem a mim. Eu trago inúmeras aflições aos corações das pessoas e com isso eu controlo o mundo. Controlo a medicina. A estética. O dinheiro. O progresso. - disse o medo.

- Não é o mais forte. As pessoas temem mais a mim. Para quem tem desprezo pelas coisas não faz jus ao medo. - simples assim disse o desprezo. O medo sem reação tentou se esconder de temor.

- Vejo que não há sentimento à minha altura. Quando há meu sentimento no coração das pessoas ele é predominante. Em quem despreza e principalmente em quem é desprezado.

Os sentimentos ficaram quietos, aterrorizados. Os bons sentimentos tentavam se unir no canto da sala, mas a impaciência não deixava que estes se organizassem. A vergonha quis se defender mas, como sempre, não teve a ajuda da sua amiga coragem. A dor, incapaz, só gemia. A tristeza, sempre inconstante, tentava ganhar forças nos braços da saudade. Parecia o fim. O desprezo teria razão... no coração das pessoas realmente ele era o sentimento mais poderoso. Mais mortal. Mais maligno.

Em meio a repentina glória ao desprezo, eis que entra na sala uma jovem de cabelos cumpridos. Nem alta, nem baixa. Nem gorda, nem magra. Nem branca, nem negra. De olhos e cabelos verdes.

- Como sempre, atrasada. - disse o desprezo. E completou: - tenho boas notícias. Eu sou o sentimento que predomina nos corações dos humanos. Sou o mais terrível. O mais maligno. O mais mortal. O mais temido. Ninguém conseguiu provar o contrário. Ficou bem claro aqui.

- Eu reconheço sua enorme força. Você é como um relâmpago. É um clarão forte de energia acumulada que se propaga pelos ares e depois some, impunemente. Você corta os corações das pessoas e não se importa com isso. Você destrói a bondade das pessoas. Você abre margens para a intolerância. Você finge adormecer... mas ao agir é como uma faísca em um mar incandescente. E quando menos as pessoas percebem há o seu tremor, há o trovão, a voz da sua ira. Mas saiba, desprezo, a mim você não assusta. Há movimento lá fora. Por mais que você convença as pessoas do contrário, eu sempre estarei com elas. Sabe porque? Porque mesmo que você mate todos os sentimentos desta sala a mim você não vai conseguir matar. Eu tenho inúmeros nomes... mas sou um único sentimento. Para quem acredita em mim você não vale nada. Tenho pena de ti e daqueles que lhe mantém vivo no coração. Mas saiba que para todos, até mesmo para aqueles que sofrem com sua estadia, ao pronunciar um único nome você já era. Tenho nome de fé. De compaixão. De misericórdia. Tenho nome de esperança.

Sem ter forças, o desprezo viu o seu fim diante da imensidão do verde da esperança. Derrotado se ausentou da sala.

- E vocês – completou a esperança aos demais sentimentos – cuidado com os poderes que vocês possuem. Não há sentimento bom. Não há sentimento mal. Não tentem ser uns melhores que outros. Vocês existem por se complementarem. Usem os poderes de vocês na dose certa e viverão em harmonia. Mas saibam que se algo der errado, será meu nome que irão chamar. E aquele que me chamar e acreditar em mim esterei pronta para acabar com qualquer um de vocês. - e ainda completou:

- E você, amor... a quem chamam de duradouro. Não há problema de ser indecifrável. Mas seja verdadeiro. Na minha ausência você será o síndico da casa. Será o síndico nos corações das pessoas.

Créditos: Insaminus ;;

3 comentários:

  1. caramba...nunca tinha visto os sentimentos dessa forma...e o pior q he vdd...qm sofre de desprezo nunca he feliz, nem ama, nem nd...so sente o proprio desprezo

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  2. como sempre as historias que envolvem os sentimentos são lindas. *-*

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